terça-feira, 4 de maio de 2010

Dia Mundial do Livro


No último dia 23 de abril foi comemorado o Dia Mundial do Livro. Em vários meios de comunicação a data foi lembrada de todas as maneiras; muitos autores e críticos ou críticos autores - como queiram - manifestaram suas opiniões, como é o caso do Membro da Academia de Letras de Campina Grande (ALCG), Ailton Elisiário, que posto aqui para vocês. Neste artigo, o autor retrata, especificamente, o cenário das livrarias da cidade de Campina Grande.

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Livrarias Campinenses
Ailton Elisiário

Neste 23 de abril comemorou-se o Dia Mundial do Livro, data fixada pela UNESCO para promover o prazer da leitura, a publicação de livros e a proteção dos direitos autorais. Criado em 1926 na Catalunha, Espanha, era celebrado em 7 de outubro para comemoração do nascimento de Miguel de Cervantes. Em 1930 a data foi mudada para 23 de abril, dia do falecimento deste escritor e em 1995 a UNESCO o instituiu como o Dia Internacional do Livro e dos Direitos dos Autores, assinalando também o falecimento ou nascimento de outros escritores.

O Dia mobiliza vasta rede internacional de editores, livreiros, bibliotecários, associações de escritores, tradutores, críticos e outros profissionais. Não obstante o surgimento das novas tecnologias, com os e-books e outras formas eletrônicas de leitura, o livro não desaparecerá das vidas dos leitores que guardam uma relação de carinho com os exemplares que tocam, folheiam, cheiram, lêem e sentem.

Neste Dia tão importante para os leitores registro com tristeza e preocupação o desaparecimento de livrarias em Campina Grande. Cidade de médio porte no coração do nordeste brasileiro, entroncamento de rotas comerciais desde séculos passados, elevada por seu desenvolvimento industrial e transformada em cidade universitária, vemos as suas livrarias fecharem as portas, num dos maiores desencontros e contra-senso de sua história.

Durante muitos anos reinou imponente a Livraria Pedrosa na Rua Maciel Pinheiro, palco de grandes momentos culturais e de encontro diuturno dos escritores campinenses. Na mesma rua a Livraria Moderna e a Livraria Universal, a Livraria Nova na Rua Marquês do Herval e a Livro Sete na Praça da Bandeira. Encerraram todas elas suas atividades dando lugar à Livraria Cultura que se desmembrou em unidades na Rua Getúlio Vargas, Beco dos Bêbados e Shopping Center. E agora, a nossa única livraria tem fechada suas filiais e reduzido drasticamente o espaço da matriz, sem perda da perspectiva de encerramento total.

As explicações da tragédia são as mais diversas, desde a pirataria de livros científicos mediante cópias xerografadas nas universidades até o acesso rápido, direto e cômodo ao e-commerce; desde as questões de gestão administrativa e gerencial aos problemas familiares de sucessão empresarial. Seja lá qual for o quadro delineado, o fato é que perdemos terreno fortemente nesse ramo de negócio, com graves prejuízos aos bibliófilos e à imagem cultural da cidade. Não podemos imaginar um shopping sem sequer uma pequena livraria, quanto mais uma cidade universitária sem livraria alguma.

Os escritores quando lançam seus livros não têm mais em Campina Grande como distribuí-los. Se estes já enfrentam tempestades na própria produção, o que será deles e dos leitores sem a livraria? As livrarias passam, os livros ficam. Não será por isto que os homens criam livrarias?. Temos, pois, que repensar essa grave questão, para corrigir e fomentar a atividade livreira em nossa cidade, restabelecendo sob formas novas e com mais vigor os tempos áureos das livrarias de Campina Grande.

(Publicado no PB Online e no Jornal da Paraíba)
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